“Ela diz não gostar do que é normal, ela diz que ser normal é chato. Ela pinta o cabelo de azul, porque azul é a cor do céu. E ela precisa do céu mais perto. O céu é a liberdade que ela sonhou ter. Ela o deixa entrar em sua mente, enquanto tenta se libertar das grades que imporam à ela. Ela tenta, retenta, desiste, mas volta atrás e tenta de novo. Ela não pode parar de tentar.
Ela é estranha, é diferente. Não tem o corpo mais perfeito, nem os olhos claros e o cabelo dela não é o mais liso - nem o mais loiro. A cor do esmalte dela não é rosa e suas unhas não são gigantes. Ela não usa saia, não gosta de salto alto e os vestidos nunca serão apertados, decotados e curtos.
Ninguém vai vê-la como ela é por dentro, ninguém vai se importar em descobrir seus mistérios. Porque ela é a garota que prefere ficar em casa lendo, do que sair para a balada. Porque ela prefere tênis e calças e escuta rock’n’roll em vez de rebolar com o funk. E porque prefere o silêncio ao invés de chamar a atenção.
Ela é apaixonada por doces, livros e filmes de terror. E definitivamente botas. Ela tem segredos, medos e sonhos. Ela quase não sorri com o coração.
Ela é um pássaro silvestre preso em cativeiro, lutando para manter-se vivo.
E, apesar da fortaleza, ela só quer alguém que tente por ela, que tente desvendar seus mistérios, que preste atenção aos seus detalhes e veja. Veja o mundo que ela tem para mostrar para aquele que conseguir conquistar seu coração.”

—	Me procurei no dicionário e te achei — Ravenna Korren